O choque liberal
Após a leitura, aqui mais abaixo, do post do Carlos, ocorreu-me uma ideia que venho a defender desde há, para aí, 8 anos: quando, pela primeira vez, pus, verdadeiramente, os pés em terra alentejana. O Alentejo carece de um choque liberal! A ideia peregrina, utópica e, necessariamente, de esquerda de que é ao Estado que cabe desenvolver a região e melhorar as condições de vida dos cidadão é altamente desresponsabilizadora dos agentes privados – porque é levada demasiadamente à letra. É verdade que o Estado (seja por via dos organismos da Administração Central desconcentrados, seja por via da Administração Local, seja – para a esquerda mais audaz – por via do financiamento das organizações da Economia Social) tem um papel importante nestes desafios e ainda mais numa região com os estrangulamentos estruturais do Alentejo. Mas o que se tem assistido ao longo dos anos é que as políticas públicas levadas a cabo na região, ao invés de estimularem a autonomização, aprofundam as dependências. E este facto, absolutamente incontornável, pode ter uma de duas origens – deixo-vos a escolha da que vos parecer mais acertada… – : (i) ou a opção ideológica para a região tem sido demasiadamente estatista e carece de uma vontade expressa de desregulamentação, de simplificação, de termo dos subsídios, etc. ou (ii) há uma lógica clientelista, de pequenos e grandes favores, configurando a rede constituída por boa parte dos lugares de poder uma verdadeira teia mafiosa ao serviço de interesses alojados dentro dos partidos, e nessa caso carece de intervenção da justiça e de um acelerado processo de circulação de elites.